Quantas mães você conhece que reclamam que o filho não come bem? Será que elas estão exagerando ou realmente têm motivos para tanta preocupação? Conversando com o Dr. Fábio Ancona Lopez, pediatra nutrólogo, especialista em alimentação infantil pela Universidade Federal de São Paulo, descobrimos que as duas opções são possíveis e comuns.
Abaixo, uma entrevista do médico revela detalhes sobre esse dilema e tira dúvidas sobre o que pode e o que não deve ser feito quando o assunto é o “papa do nenê”.
KIDS in – Por que tantas crianças, em algum momento da vida, apresentam algum tipo de dificuldade para comer?
Fonte – Existem algumas situações. Uma delas é quando a criança está comendo bem e a família acha que ela precisa comer mais, mesmo que o desenvolvimento esteja normal. Ou seja, é a família que está analisando de forma errada. A outra é quando a criança comia bem e de uma hora para a outra começa a recusar comida. Nesse caso, provavelmente ela pode estar com algum caso infeccioso que ainda não se manifestou. Então, deve-se procurar um médico. E tem ainda a chamada falsa anorexia pré-escolar, mais comum a partir dos 3 anos, quando a criança, que vinha comendo bem, começa com o “não quero o verdinho no meio do arroz”, “tira a salsinha e o tomate”, e acabam preferindo apenas arroz, macarrão, recusando comidas novas. Aqui estamos falando apenas de uma fase, que para uns duram mais, para outros menos, mas certamente passa.
K – Como os pais devem agir nesses casos?
Fonte – Leve o filho ao mercado, deixe-o ajudar nas compras e arrumar a mesa. Isso estimula a criança. Não adianta castigar se não comer, nem premiar se comer. Chantagem também não funciona nunca!
K – Os pais devem insistir até que ponto? O que fazer se o filho quiser substituir o almoço por bolachas e pães, por exemplo?
Fonte – Quem substitui são os pais, e isso nunca deve ocorrer. Eles também não devem insistir que o filho coma quando não quer. Para criança à partir de dois anos, coloque a colher na mão dela e fique ao lado, ajudando. Sempre faça as refeições em locais tranquilos, longe da TV e das brincadeiras. Aliás, o estímulo visual da TV é maior do que o estímulo gustativo. Evite! A rotina com os horários também é fundamental. E se ainda assim ela recusar, respeite.
K – Quando podemos considerar a situação preocupante?
Fonte – Quando a criança cresce ou ganha menos peso do que o apropriado para a idade. Para se certificar, é necessário acompanhamento do pediatra.
K – Como ajudar a criar bons hábitos alimentares em uma criança?
Fonte – Independente da idade dela, o único jeito é ter paciência. Sabendo o que é recomendado e levando à risca, não tem como não dar certo. Mesmo que demore um pouco mais do que os pais gostariam.
K – O leite de soja pode substituir o de vaca?
Fonte – Em termos de proteína sim, mas não de cálcio.
K – Como adequar a alimentação de forma saudável para as crianças com APLV?
Fonte – Tem que optar por proteína de outra fonte, e a mais usada é mesmo a soja. Mas nesses casos é fundamental o acompanhamento do pediatra.
K – O que as mães devem se atentar nos rótulos dos alimentos?
Fonte – O valor calórico, se tem substâncias artificiais, corantes, conservantes e gordura trans, que são prejudiciais.
K – Filhos de pais vegetarianos, qual a orientação?
Fonte – Precisam ter cuidado, porque corre o risco de a criança não receber ferro, vitamina B12 em quantidade adequada. É possível crescer normalmente sendo vegetariano, mas é necessária orientação de uma nutricionista que conheça muito bem essa situação, para adequar perfeitamente os alimentos.
K –Doutor, e sobre…
Frutas – não têm contraindicação. Melhor com casca, pois ingere mais fibras. Mas isso não vale para a banana.
Corantes – evite. Podem causar um processo alérgico.
Doces e refrigerantes – são calorias vazias e provocam cáries. Refrigerante tem corante, conservantes, gases. Prefiram sucos naturais.
Bolinhos e bolachas – as recheadas devem ser evitadas em qualquer idade. Muita caloria para pouco nutriente. Os bolinhos, em pouca quantidade, são aceitáveis.
Sucos de caixinha, danones e iogurtes – se forem naturais, sem corantes, são aceitáveis também.
Macarrões instantâneos – jogue fora o pozinho e mande ver na massa.
Frutos do mar – à partir dos 2 anos, se a criança não tiver alergia, já pode introduzir à alimentação.
Café – serve apenas como estimulante, e a criança, definitivamente, não precisa disso.
Papinhas prontas – eventualmente, em viagem ou fim de semana. Todo dia pode fazer a criança perder o gosto pela comidinha da mãe.
Glúten – não faz mal, exceto se a criança tiver intolerância.
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