Diferente de informativa, essa matéria é mais um desabafo da diretora deste portal que vos escreve! Sim, um desabafo de alguém que tem formação numa área envolvida em educação e saúde, com paixão pela infância e seu desenvolvimento além de ter sido mãe jovem.
Minha filha hoje está na faculdade e meus enteados estão no fundamental 2 e ensino médio, ou seja, todo mundo crescidinho, com boa parte de sua formação emocional e comportamental desenvolvida. Mas uma questão que me incomoda desde os tempos de professora de ballet e sapateado infantil (aos 14 anos de idade!), e nos anos subsequentes como fonoaudióloga, é a inversão de papéis que observei entre instituições de ensino e pais. Os pais, trabalhando cada vez mais fora de casa, passam a ocupar a agenda dos filhos com diversas atividades, além dos horários estendidos na escola, exigindo que os professores ensinem bons modos às crianças, em contrapartida, as escolas passam aos pais a responsabilidade de envolvimento nas tarefas e atividades escolares, mandando uma quantidade maciça e maçante de trabalhos e deveres.
Escola ensina, passa conhecimento, independente da metodologia e filosofia escolhida por cada instituição – e pais que decidem qual a melhor escola para os filhos – oferecendo informações e noções de diversas áreas como matemática, línguas, biologia, química, física e etc. Já aos pais, cabe a obrigação de educar: passar aos seus filhos as “palavras mágicas” , valores religiosos, morais ou éticos, noções de respeito e civilidade, dar amor e carinho, inclusive dizendo não quando necessário.
Daí, cabe ainda aos pais, a escolha da escola que mais se adequa àquilo que eles acreditam e esperam para a vida dos seus bens mais preciosos, os filhos! Adoro exemplificar com a minha história. Quando escolhi a escola da minha filha, ponderei entre meu estilo professora-de-ballet-que-adora-a-escola-russa-de-dança ao jeito criativo mas já excessivamente auto-crítico e perfeccionista dela. Assim, se fosse somente pelas minhas características, teria escolhido uma escola de metodologia tradicional, o que achei que deixaria a criaturinha louca. Se fosse considerar a personalidade da moça, colocaria numa escola de filosofia mais liberal, talvez construtivista, o que ME enlouqueceria. A solução foi escolher uma escola de metodologia mista, onde nenhuma das teorias de educação fosse levada à ferro e fogo, mas de forma equilibrada, tentando oferecer o melhor de cada uma. E isso funcionou perfeitamente: eu e a filha felizes com a instituição, mesmo que com alguns pontos de divergência. Assim foi até o ensino médio, quando ela me pediu para ir para uma escola que havia sido montada na época da ditadura para ir contra o que acontecia no país naquele momento. Ou seja, uma escola de filosofia liberal, onde as ideias e pensamentos devem ser compartilhados, todos tem opinião e devem oferecer aos outros e respeitar as diferentes das suas próprias e que não acredita em castigos, punições e proibições sem uma conversa ou boa argumentação a respeito, o que se opõe bastante ao meu “não porque eu tô mandando” ou “mas eu não sou mãe do fulano”… Porém, nessa época ela estava com quase 15 anos e já sabia bem os valores definidos por mim e pelo pai, por isso, decidi que não haveria problemas a troca, o que se mostrou acertado.
Então, vamos pensar um pouco a respeito? Vamos nos preocupar com o que estamos fazendo individualmente, sem nos preocupar com as escolhas de outras mães, respeitando o temperamento e escolhas de cada pessoa, ensinando aos nossos pequenos como é bom que cada ser é único e que a vida já tem muita disputa para que o dia a dia em família se torne uma competição. Deixemos para os professores e escolas a já dura tarefa de oferecer conhecimento à criançada enquanto nós damos amor, carinho e educação à eles!
Um abraço,
Cynthia Jacques
Diretora KIDS in
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