Não sei se é o fato de ver minha filha chegar à vida adulta, se é o fato de ter me tornado quarentona, mas ando numa fase de desabafos… Como já mencionei aqui e aqui, nunca gostei da ideia de defender pontos ou levantar bandeiras já que acredito nas diferenças, na liberdade e possibilidades de cada família. Porém, ando me incomodando com os excessos de certezas e opiniões das pessoas sobre as outras e a necessidade de se impor, como se houvesse apenas uma maneira boa e correta de ser mãe.
O rompante para desabafar foi um post que vi na internet com inúmeros acessos e seguidores sobre o exemplo ruim e irreal (!?) que uma mãe, que é modelo por profissão, estava dando ao fazer uma selfie com sua barriga tanquinho à mostra apenas 2 meses após parir. O texto dizia que aquele era um padrão irreal e que deixaria outras mães frustradas por não conseguirem atingir aquele modelo estético, afinal que BOA MÃE estaria preocupada com o físico com um bebê tão pequeno, que BOA MÃE poderia estar fazendo exercícios, se alimentando de forma comedida e ter disposição. Afinal, toda BOA MÃE sabe que para ser BOA MÃE é preciso não dormir, sofrer, comer como uma louca (mais do que na gravidez pois está amamentando) e não necessariamente comendo só o que é saudável, afinal estamos cansadas e estressadas e precisamos de chocolates, bolos e biscoitos.
Então, uma pessoa que sempre fez exercícios, que é magra desde sempre e ainda tem a oportunidade de ter uma ótima babá ou até, imagine, uma família presente com avós e tias para ajudar nas tarefas rotineiras do bebê, não pode ser BOA MÃE?
Acredito, do fundo do meu coração, dos meus 20 anos como professora de ballet e sapateado infantil, 19 como fonoaudióloga infantil e 22 como mãe, que essa história de mãe real é muito relativa, como tudo nesse universo materno-familiar-infantil! O real é aquilo que é possível para cada um! Tem mãe que engorda muito na gravidez, tem outras que parecem nunca ter engravidado, tem mãe que tem depressão pós parto, tem mãe que parece viver num musical da Disney encenado na Broadway, tem mãe com muito dinheiro, tem mãe com quase nada… E isso é o que vai moldar a realidade de cada uma, e, contanto que elas deem amor e carinho aos seus filhos, coisa que não tem medida ou forma certa, ela é uma ÓTIMA MÃE!
Depois desse desabafo, acho que poderíamos adotar um novo termo, abolindo essa tal de mãe real. O negócio agora é ser #mãepossível !!!

Meu desejo é que toda mãe saiba que ela é a melhor mãe que ela pode ser, que ela é o que é possível e isso é ótimo!

Um abraço,
Cynthia Jacques, Diretora da KIDS in

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