O transtorno de aprendizagem é diagnosticado frequentemente na fase escolar, quando o mau desempenho da criança chama a atenção de pais e professores. De origem neurobiológica (a pessoa já nasce com uma organização neuronal atípica que determina inabilidades no processo de aprendizagem), a defasagem de desempenho na escola aumenta com o passar dos anos se não houver uma intervenção planejada e de longo prazo, podendo afetar, também, o desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes com esse perfil.
Conversamos com a fonoaudióloga Mônica Andrade Weinstein, diretora presidente do Instituto ABCD – órgão paulista que orienta pais, professores e profissionais da saúde sobre o transtorno de aprendizagem -, e doutora em Distúrbios da Comunicação Humana, para esclarecer sobre o assunto.
O transtorno e seus tipos mais frequentes
O transtorno de aprendizagem (tecnicamente denominado transtorno específico de aprendizagem) é uma alteração em um ou mais processos cognitivos básicos envolvidos no entendimento e / ou no uso da linguagem oral ou escrita, que pode se manifestar numa falta de habilidade para se expressar ou para compreender a fala, para ler, escrever, dominar a ortografia ou realizar cálculos matemáticos. Os tipos mais frequentes são dislexia (afeta leitura e escrita) e discalculia (afeta habilidades aritméticas e de cálculo). É frequente que pessoas com dislexia também tenham dificuldades em habilidades matemáticas ou déficit de atenção.
Diagnóstico
Por se tratar de uma questão complexa, o diagnóstico precisa ser feito por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, fonoaudiólogos e psicólogos. Isso não impede que o professor identifique crianças com esse perfil em sala de aula e ofereça estratégias para facilitar sua aprendizagem. E quanto mais cedo o diagnóstico (sinais importantes já podem ser vistos no ensino infantil), maior o sucesso na intervenção, ou seja, as repercussões no desenvolvimento psicoafetivo são minimizadas.
A importância do acompanhamento de especialistas
Uma pessoa com transtorno de aprendizagem deve ser acompanhada por especialistas para que não sofra alguns prejuízos como: abandono escolar, transtornos psicoafetivos, inadaptação social e subemprego, para citar só alguns. A identificação e a condução adequada de crianças e jovens com esse perfil também permite que eles possam manifestar seu potencial em outras áreas. É comum que pessoas com transtornos de aprendizagem destaquem-se em áreas como empreendedorismo e artes em geral. São geralmente muito criativos.
O Instituto ABCD
A instituição tem realizado parcerias para o desenvolvimento do Programa Todos Aprendem que visa integrar alunos, professores, pais e especialistas da área da saúde para oferecerem atenção integral a crianças e jovens com transtornos de aprendizagem. Os profissionais de educação compartilham estratégias metodológicas para os alunos, e os pais encontram um espaço de apoio e reivindicação pela formulação e implantação de políticas públicas que assistam seus filhos.
Projetos no RJ
No Rio de Janeiro, destaco a AND (Associação Nacional de Dislexia) e a APAD (Associação de Pais e Amigos de Disléxicos). Já o projeto ELO, desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro, participa do nosso programa de Centros de Referência.
Para mais informações: www.institutoabcd.org.br
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