Nenhuma criança é igual a outra. Nem mesmo irmãos, nem mesmo gêmeos. Cada uma se desenvolve em seu próprio ritmo, tem preferências, gostos e habilidades – assim como dificuldades – peculiares. O que talvez pouca gente se dê conta é que, mesmo com suas particularidades, é importante que elas estejam incluídas em todas as esferas sociais, independentemente de suas características, habilidades ou necessidades.

E quando falamos de pequenos que apresentam algum desenvolvimento atípico precisando, assim, de algum apoio ou tratamento diferenciado, a inclusão tem um peso muito maior, já que é por meio dela que dificuldades podem ser contornadas.

A integração entre família, especialistas e escola como princípio básico para a inclusão

É um direito garantido por lei a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino para que crianças com necessidades especiais convivam em um ambiente no qual as diferenças sejam de fato respeitadas e superadas.

A opção dos pais por uma escola regular, que possua orientação inclusiva, é uma forma eficaz de combater atitudes discriminatórias e ajudar a construir uma sociedade mais acolhedora. As diferenças e dificuldades passam a ser vistas como parte da vida, do desenvolvimento e a percepção das habilidades individuais fica ainda mais clara para cada pessoa – pais, professores, alunos, com ou sem deficiência.

É importante ressaltar que algumas crianças podem necessitar de espaço de educação especial de forma integral ou complementar. Portanto, cabe aos pais se informarem com especialistas sobre o que pode ser melhor para seus filhos.

Busca profissional e pessoal para inclusão e desenvolvimento infantil

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Beatriz, filha de Érika e grande inspiração para o espaço Aprendo Sim

Érika Rodriques é formada em Artes e Comunicação e pós graduada em Psicopedagogia, empresaria, mãe da Beatriz, hoje com 4 anos e que tem Síndrome de Down. Em sua busca por espaços que oferecessem educação com integração e inclusão percebeu que apesar de existirem ótimos locais, ainda faltava alguma coisa. Durante essas buscas, conheceu Tati Pinheiro, especialista em Primeira Infância e que passou longos anos à frente de projetos de desenvolvimento infantil, como o Espaço Tatibitati. Do encontro surgiu o convite da Érika para que Tati ajudasse a montar o Aprendo Sim Espaço de Desenvolvimento Infantil.

A ideia é que no Aprendo Sim as crianças possam participar de atividades lúdicas que servem de apoio ao seu desenvolvimento levando em conta aspectos psicológicos, relacionais, cognitivos, motores e sensoriais, como explica Tati Pinheiro, responsável pela consultoria e treinamento dos profissionais e coordenadora do espaço.

De forma a complementar os processos de aprendizagem, as crianças que frequentam o espaço podem ter aulas de artes integradas, música e iniciação musical, dança criativa e capoeira bem como participar de oficinas de cozinha pedagógica e psicomotricidade. Também é possível passar 3 horas e meia por dia em atividades diversas ou, ainda, ser atendida em serviços de apoio escolar, psicopedagogia, fonoaudiologia, musicoterapia e terapia cognitiva.

Mas Érika e Tati sabem que é preciso o envolvimento de todos que estão à volta da criança, especialmente as que têm algum tipo de deficiência, para que o desenvolvimento se dê de forma plena e a inclusão de fato aconteça. Por isso, não basta oferecer ferramentas à criança, é preciso formar pessoas que compreendam as diferenças no ritmo e necessidades individuais.

A Aprendo Sim enxerga que um profissional tem sido cada vez mais presente na inclusão dessas crianças em um ambiente escolar regular, onde estão distantes dos olhos dos pais e são submetidas a novos desafios todos os dias: o mediador escolar. É ele quem acompanha mais de perto a criança dentro da escola e em atividades extraclasse, minimizando dificuldades na comunicação, no relacionamento interpessoal, nas questões de comportamento e aprendizagem. Por isso, no Aprendo Sim são oferecidos cursos e consultorias de Mediação Escolar, Elaboração de Materiais Adaptados e de PEI – Plano Educacional Individualizado.

Além da presença do mediador, outros fatores também são importantes para que ocorra a inclusão em um ambiente escolar regular: o número reduzido de alunos por sala, o tamanho adequado dos ambientes, ações de suporte e supervisão do corpo docente e o estudo contínuo sobre as dificuldades dos alunos. É preciso, ainda, que a escola compreenda que o aprendizado social que ela possibilita a uma criança com necessidade especial se estende para outras vivências. O convívio diário com as outras crianças, a rotina escolar e as regras de convivência implícitas no dia a dia são fatores estruturantes, que vão organizar e sistematizar comportamentos, moldando atitudes e posturas não somente dentro da escola, mas, principalmente, na vida.

O papel de “mediar” relações em prol da inclusão não deve ser apenas encarado como uma tarefa formal, realizada por pais de pequenos especiais, escola e especialistas. Mas, sim, como parte do dia a dia de todas as famílias que pretendem formar filhos que não só estejam atentos à questão, como trabalhem para diminuir o abismo que a falta de informação e iniciativa podem causar.

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Beatriz em atividade da Cozinha Pedagógica do Aprendo Sim

Pensando nisso, o espaço Aprendo Sim desenvolveu um curso de capacitação de babás com foco nas crianças com necessidades pedagógicas especiais, contando com uma equipe interdisciplinar de especialistas nas áreas de psicopedagogia, pedagogia, neuroeducação, psicologia, fonoaudiologia, terapia comportamental, psicomotricidade e artes. Todos com olhar diferenciado para inclusão.

A inclusão além das salas de aula da escola

Alguma vez você já convidou uma criança do convívio do seu filho que tenha algum tipo de deficiência ou necessidade especial para a sua casa? Quando se pensa em inclusão, não devemos focar apenas na minimização de sequelas e na promoção do desempenho funcional das crianças, mas na conscientização de outras formas de expressão social. É preciso pensar num trabalho em conjunto e não naquele voltado somente para a criança, como se ela fosse um problema.

Um exemplo disso é a inclusão em atividades esportivas e artísticas. Em São Paulo, a Associação Paradesportiva JR Ferraz tem enorme orgulho do trabalho com atletas com necessidades especiais. A técnica de natação e ginástica artística Cristina Heitzmann, fala da atleta Gabriela Garcia, hoje com 32 anos, que tem síndrome de Down. Ela já participou de competições nas duas modalidades e trouxe várias medalhas pra casa: “Gabi tem uma garra muito grande e é um exemplo de que qualquer criança é capaz de desenvolver suas habilidades. A prática de esportes por si só já garante uma melhor qualidade de vida e desenvolve muito a autoestima da criança com necessidades especiais”, explica a professora.

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Alunos da Associação Paradesportiva JR Ferraz – São Paulo

Mesmo que você não tenha uma criança com alguma necessidade especial à sua volta, é importante pensar na inclusão. Lembre que todos temos diferentes habilidades e dificuldades. Lembre, também, que muitas vezes a deficiência pode ser nossa, em não nos despirmos do preconceito, não olharmos além dos rótulos e, assim, deixando de enxergar todo o potencial desses indivíduos.

Aprendo Sim Espaço de Desenvolvimento Infantil acredita na Inclusão aberto a todas as crianças com aulas, oficinas e serviços de apoio que visam estimular e o aprendizado e desenvolvimento infantil. Direção de Érika Rodrigues, mãe da Beatriz, 4 anos e coordenação de Tati Pinheiro, especialista em 1ª Infância.

 

 

 

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